Assim que a Nau de Guerra zarpou de Trivalia, Bernard começou a investigar o que teria saído da carroça, e depois de falar com muitos marinheiros obteve uma resposta. Fazia três dias que eles haviam zarpado e Bernard foi ver como estava o seu cachorro, que ele havia batizado de Dobberman. Entrou na ponte e desceu até o local onde armazenavam as cargas, lá dentro notou a presença de outro homem, que logo reconheceu como sendo o Sr.Minitop.
Minotop o viu se aproximar e perguntou: - O que você quer aqui em baixo seu idiota?
Bernard apontou para o cachorro que estava preso em uma jaula e disse: - Queria ver se meu cão estava bem. - Bernard notou que havia outra jaula ao lado, com outro cachorro muito pequeno, uma raça que Bernard jamais havia visto perto de Dobermann aquela coisinha parecia uma formiga. Por curiosidade Bernard perguntou: - O que é isso?
- Isso é um cachorro, é o que dizem, mas pelo trabalho que tem me dado, acredito que possa ser uma criação do demônio Ifrit. - Minotop fez uma careta e continuou: - Ele é um presente para o Governador de Massau, vocês fizeram a proteção da carroça certo?
- Sim. - Respondeu Bernard já entendendo o que se passava.
- Então, ele era o que precisava de proteção. - Minotop soltou uma gargalhada e continuou: - Aposto que os ladrões nem sabiam o que era a carga.
- Não acredito que tantos homens morreram por causa desta criaturinha. - Bernard olhou com desgosto para o pequeno animal.
- Morreram pela marinha, não culpe o animal. Você acha que não vai morrer mais gente nesta expedição? Dizem que vamos ter um item que será capaz de nos deixar a frente dos piratas no domínio do mar. - Minotop pega um pedaço de carne e joga para Dobermann. - Mas não duvido que possa ser alguma outra idiotice dos governantes.
Bernard vira as costas e começa a sair, mas antes diz para Minotop: - Obrigado senhor, obrigado por me abrir os olhos.
Não tem de que marujo. - Responde Minotop.
Duas longas semanas se passaram desde que a Nau de Guerra havia zarpado de Trivalia, Bernard e o pensamento da morte de Jhon por causa de um capricho do governador o fez nutrir uma raiva pelo governante, pela marinha e pela sociedade aristocrática no geral. Os piratas estariam tão errados assim em roubar daqueles malditos homens de peruca? Enquanto estava perdido em seus pensamentos e rodando a lamina (que fora encontrada em seu corpo quando criança) entre os dedos matando seu tempo antes de dormir, pois seu turno havia acabado Bernard escutou três homens conversando e prestou atenção em algo que achava ter escutado a palavra tesouro. Se tinha algo que Bernard gostava mais do que ruivas, cerveja e seu cachimbo era dinheiro para ter ruivas, cerveja e tabaco para seu cachimbo.
- É sério encontrei essa pintura no quarto do Almirante enquanto eu limpava o lugar, estava dentro de um baú trancado, o homem esta muito doente, não vai sobreviver, logo poderemos ficar com isso. Cochichava um dos homens com mais dois, os ruídos que produziam eram quase inaudíveis, se não fosse pelos ouvidos treinados de Bernard. Que colocou as mãos nas pistolas que sempre carregava e se moveu na direção do grupo
- Boa noite senhores! - Sacou as pistolas e apontou para os dois que estava nas laterais e continuou: - Do que estavam falando? - Sorriu.
- Nada não senhor, eu juro. - Disse o homem que estava com a pintura.
Bernard guardou uma de suas pistolas e sacou rapidamente a sua adaga e a colocou na garganta do homem enquanto empurrava seu corpo em direção ao mar, fazendo seu apoio ser apenas a amurada. O homem da esquerda ameaçou correr, porem Bernard apontou sua pistola para o mesmo e disse: - Se correrem ou gritarem eu mato um por um e alego traição, agora me mostra essa pintura.
- Tudo bem, mas tira essa faca da minha garganta. - Disse o homem em tom baixo, mas com o desespero visível em seu rosto.
Bernard guardou sua adaga, mas continuou com a mão nas pistolas.
O homem mostrou para Bernard a pintara. Era um tecido onde estava pintada uma luneta em um tom amarelo brilhante, provavelmente ouro.
- O que esta acontecendo ai? - Alguém pergunta do outro lado do convés.
Bernard larga o homem da pintura e diz sussurrando: - Vejo você em dez minutos lá com as cargas, se você não estiver lá, vou imediatamente falar com o capitão sobre sua descoberta, entendido? - Falou entre dentes e virou-se em direção a voz que tinha ouvido.
O Mandrião Bob estava olhando desconfiado para Bernard, estava escuro no convés e é bem provável que Bob não tenha conseguido enxergar que Bernard havia ameaçado os companheiros, ao se aproximar Bob fala:
- O que esta fazendo aqui fora ainda, seu turno já acabou. - Fala em um tom de autoridade
- O que já acabou? - Bernard finge não entender. - Malditos garotos, vivem me enganando, me falaram que teria que fazer turno dobrado esta noite. - Faz uma cara de desgosto.
- Seu velho idiota, só eu que posso alterar turnos, agora vá para o dormitório, antes que eu coloque você a trabalhar de verdade.
- Ok senhor me desculpe. - Diz Bernard enquanto se dirige até os dormitórios.
Bernard procura por Charles entre os que estão dormindo e o encontra babando em sua rede. Bernard cutuca o homem sem muito efeito, então da um tapa na cara de Charles que se levanta em um pulo falando:
- Estou pronto senhor! - Olha com os olhos semicerrados para Bernard que esta contendo o riso e pergunta: - Bernard, porque você fez isso? - Fala enquanto coloca a mão no rosto.
- Pra acordar você, preciso de ajuda em uma coisa. - Fala Bernard olhando para os lados.
- Não enlouqueça homem, meu turno começa daqui a pouco, deixe-me dormir mais um pouco. - E deitou-se na rede.
Bernard agachou-se a seu lado e disse: - Envolve dinheiro, muito dinheiro.
Charles olhou com uma expressão de espanto e disse: - Olha sei que você é um aventureiro, mas eu sou só um velho, deixe-me dormir, quero cumprir com minhas obrigações para não acabar Jhon, porque o fim dele se deu por ser aventureiro.
Bernard serrou os punhos com força, travou os dentes e disse: - Ele morreu por seguir as ordens, coisa que você não fez seu covarde.
Charles fechou os olhos e disse: - Mais vale um covarde vivo do que um aventureiro morto.
Bernard levantou-se chutou a rede de Charles que caiu feito um saco de batatas no chão e saiu dos dormitórios enquanto escutava os gemidos de dor de Charles, ele sobreviveria.
Chegando ao compartimento de carga, Bernard notou que só um dos homens estava lá, podia ser uma armadilha então já colocou suas mãos nas pistolas, pronto para saca-las a qualquer movimento estranho.
O homem suava frio e Bernard notou isso. Chegou perto do homem e falou: - E então me explique a historia toda.
O homem engoliu em seco e foi logo dizendo: - Bom eu estava limpando o quarto do almirante e encontrei uma urna chaveada. Pude notar que a chave estava na cabeceira da cama, pendurada por uma argola, ele estava dormindo na cama desde que eu entrara pelo que havia me falado ele estava doente, então não era para incomoda-lo. Esgueirei-me, pé por pé e peguei a chave com todo cuidado. Sucesso até então. - O homem fez uma pausa, respirou fundo e continuou: - Então abri a urna e encontrei essa pintura. - E a entregou a Bernard. - Os homens disseram no navio que estávamos procurando um artefato magico, que essa é a expedição, então imagino que seja isso que esta pintado.
Bernard riu e disse: - Magico, você acredita em magia seu idiota, a magia é restrita aos deuses, você sabe disso. - E entregou o tecido novamente ao homem.
O homem pegou a pintura e disse: - Pode até ser, mas se a luneta for realmente de ouro, deve valer muito dinheiro.
- Pode até ser, mas toque fora essa pintura, isso pode denunciar seus planos, vou pensar em uma forma de conseguirmos ficar com a luneta, enquanto isso não podemos ser... - Um barulho vindo de cima. - Bernard puxou a pistola e colocou na garganta do homem e perguntou: - Você armou pra mim seu idiota, quem esta descendo?
O homem tentando falar o mais calmo possível apenas respondeu: - Não, não eu juro, não chamei mais ninguém.
Bernard removeu a pistola, apagou o lampião que estava acesso e falou baixo: - Não mova um músculo.